Morador de rua é uma categoria nativa que contempla vários perfis de sujeitos que ambulam, permanecem e residem nos logradouros públicos, incluindo, pessoas em situação de rua e usuários de entorpecentes. Muito se fala sobre estas pessoas, sobre este grupo, mas a verdade é que pouco se sabe sobre este, muito se especula, mas poucos são os que os enxergam. O presente ensaio fotográfico tem esta preocupação em seu dorso. Flertando entre a imagem em preto e branco e a fotografia colorida, apresento como nossos contemporâneos são observados na cidade, e como estes citadinos se apresentam para o olhar do pesquisador, o olhar do antropólogo que apreende os rastros e busca a compreensão dos corpos de rua que se inscrevem nessa cidade que se agiganta como um mar de concreto e de afetos. Corpos inscritos no Centro da cidade de Fortaleza que pulsam vidas e experiências do invisível. A partir da perspectiva das fotografias, memórias são narradas e as ruas do centro de Fortaleza, com suas práticas urbanas, são visualizadas a partir do olhar angulado de seus habitantes, olhando as ruas “de perto e de dentro" a partir das "enunciações de seus moradores". Quem agora olha quem? Os olhares se cruzam, sujeitos e pesquisador, e apreendem encontros e narrativas para tecer seus percursos e sentidos. A cidade-corpo permeia esses olhares e entre o colorido e o preto e branco ensaiam uma Antropologia visual, uma outra linguagem narrativa, um outro modo de estar antropólogo na cidade.