O Círio de Nazaré em Belém do Pará, visto da Pedra do Peixe do Ver-o-Peso

The “Cirio de Nazaré” in Belém, Pará seen from “Pedra do Peixe do Ver-o-peso”

El Círio de Nazaret en Belém do Pará, visto desde la Piedra del Pescado del Ver-o-Peso


Luiz de Jesus Dias da Silva [!]

Carmem Izabel Rodrigues [!]


A cidade de Belém do Pará transforma-se, totalmente, na manhã do segundo domingo de outubro, em função do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. A procissão tem como ponto de partida a Igreja da Sé, às 6 h da manhã, e ponto de chegada a Basílica de Nazaré, entre 11 e 12h, ou mesmo no inicio da tarde, em um intervalo de tempo que pode variar entre e 5 e 8 horas para completar um percurso de 3,6 Km.

As fotografias apresentadas a seguir foram captadas no dia 12 de outubro de 2014, e fazem parte da pesquisa de doutorado de Luiz de Jesus Dias da Silva, sob orientação da Professora Carmem Izabel Rodrigues, intitulada “Pedra, Redes e Malha na Circulação do Pescado do Ver-o-Peso ao Meio Urbano de Belém do Pará”, defendida em março de 2016; apresentam uma sequência de imagens da procissão do Círio, vista da Pedra do Peixe ou simplesmente Pedra[1]. No domingo do Círio, os trabalhadores da captura, recepção e distribuição do pescado, seus familiares e convidados, reúnem-se para homenagear a Santa de sua devoção, a padroeira dos paraenses.

O registro fotográfico tem início às 5h, quando a área do Ver-o-Peso está totalmente fechada para o público em geral, por tropa do Exército Brasileiro, que forma um cordão humano, inicialmente para isolar a área dos que circulam antes do inicio da procissão e, em seguida, para organizar o fluxo de romeiros que, ao fim da missa campal, seguem o trajeto predefinido da procissão; no momento da passagem da Berlinda da Santa, o mesmo cordão humano muda de posição e direção para seguir acompanhando a romaria, protegendo a Berlinda. Antes de a procissão chegar ao local, só é permitida a presença de pessoas devidamente identificadas com crachás específicos, além de repórteres, policiais, bombeiros e prestadores de primeiros socorros, de plantão no local, ou de promesseiros em penitências radicais, que acompanham o trajeto carregando pesadas cruzes de madeira ou se deslocando de joelhos, ajudados por parentes e outras pessoas que se compadecem do sacrifício empreendido.

            A espera pela passagem da Santa é premiada pelo momento de demonstração de fé, quando a imagem, toda enfeitada de flores, em uma berlinda, chega até esse local, por volta de 6h30, e há uma homenagem com fogos de estampido, com duração de cerca de 30 minutos. A procissão segue caminhando, prolongando-se em frente à Pedra do Peixe até por volta de 8h da manhã, momento em que os trabalhadores se retiram da Pedra e seguem, na sua maioria, para seus lares ou para as duas festas de aparelhagem por eles organizadas para esse dia, ambas com consumo de comidas típicas, acompanhadas de bebidas diversificadas, sendo uma na sede da Associação dos Balanceiros, na Avenida Boulevard Castilhos França, e outra no interior do Mercado de Peixe, tendo início logo após a passagem da Santa, e se prolongando até por volta de 14 ou 15 h, embora o registro fotográfico tenha sido concluído às12h, quando o trânsito volta ao normal no entorno do Complexo Ver-o-Peso.


[1] A Pedra do Peixe fica localizada na margem da Doca do Ver-o-Peso, em frente ao Mercado de Peixe, na confluência da Avenida Boulevard Castilhos França com Avenida Portugal. É uma calçada que delineia o limite entre o rio e a cidade. É o único entreposto pesqueiro oficial da cidade, aberto à comercialização todos os dias da semana, exceto aos domingos. Tradicionalmente a comercialização do peixe na pedra ocorria todos os dias da semana, com exceção do domingo do Círio. A partir de 2013, um Decreto Municipal estabeleceu o fechamento aos domingos, como dia de descanso dos trabalhadores locais.