Um grupo de mulheres/boys, trans, se forma dentro de um presídio feminino para ver os jogos do Brasil na Copa do Mundo, motivado pela presença de uma equipe de filmagem e uma antropóloga pesquisadora de crimes praticados por mulheres ativas no crime, em posição de liderança. O filme mostra a formação deste grupo em torno do “jogo de bola”, não só do assistir aos jogos da copa, mas em torno da oportunidade de jogar bola depois de ver os jogos. Jogar bola é tão ou mais importante do que assistir aos jogos. Nesse momento os “boys da cadeia” reafirmam sua identidade masculina, correm gritam chutam fazem gol, são jogadores ativos e não espectadores passivos de uma vida que se passa “lá fora”. A vida continua na cadeia. Se a cadeia é um constante cercear e “trancar”, o jogo de bola, em sua ludicidade e sociabilidade, torna-se símbolo e momento único do exercício da liberdade, de ser jogador, de correr como um menino, de ser menino. O encontro entre os pesquisadores/filmadores e os presos/jogadores acontece de modo criativo, em um processo temporal de construção de uma sociabilidade entre pesquisadores e presos e entre presos. Este campo de pesquisa, observado pela câmera, é um campo que se forma na interação ativa, explicita e amistosa, em um encontro humano onde a pessoalidade e os afetos não são deixados do lado de fora.