O filme Akrãtikatêjê resulta de pesquisas e do Projeto de extensão Língua em narrativas: território, práticas culturais e a cosmologia Akrãtikatêjê, submetido ao Prêmio PROEX Arte e cultura/2014 (UNIFESSPA). Tais ações tiveram foco na trajetória e práticas culturais do povo Gavião Akrãtikatêjê, com propósito de reforçar o conhecimento e valorização da língua nativa em conexão com as relações socioculturais e com o território. A situação de contato foi estabelecida com o grupo em Akrãti (Montanha) na década de 1960, em terra concedida aos povos indígenas em 1945. Desde as décadas de 1970 e 1980 vivem na reserva Indígena Mãe Maria (Bom Jesus do Tocantins-PA), por força da atração compulsória promovida pelo consórcio construtor da Usina Hidroelétrica de Tucuruí. A história do grupo é marcada pela relação com a sociedade nacional em circunstância que o território passa por constantes interferências devido à implantação dos grandes projetos no sudeste paraense. Tais situações são cruciais para entender as demandas dos Akrãtikatêjê pela na valorização da língua e práticas culturais.
A trama narrativa em gênero documental trata, nesse sentido, das situações e práticas culturais Akrãtikatêjê. A linguagem fílmica tem estratégia política e cultural e se organiza em base as suas narrativas. Primeiro situa o plano da aldeia e as práticas produtivas do presente; as narrativas de memória e dos conflitos concorrentes para a retirada da região de Tucuruí; seguidamente assinala-se a trajetória do grupo no território compreendido na bacia do Tocantins, mediante a relação com as aldeias locais e antecedendo o contato até achegada à Montanha. Ademais, a língua, as práticas culturais e o interesse na própria história constituem o foco da narrativa. A metodologia partiu de um exercício de produção colaborativa, parte de esforço anterior através da cartografia social, com a produção de narrativas e imagens, utilizadas na pré-roteirização do documentário. Os demais materiais foram produzidos mediantes oficinas, de técnicas de audiovisual e captação de imagens em caráter participativo. Em seguida houve mediação de oficinas com foco no registro de narrativas e performances rituais Akrãtikatêjê.
As estratégias e recursos para captação de imagens e som foram compartilhados por membros da comunidade e pesquisadores, com a indicação das situações para registros. As ferramentas de suporte técnico foram: gravadores, câmeras digitais, de lentes intercambiáveis e aparelho celular. A montagem e tratamento das imagens se deram em programas de edição específicos, sendo finalizado e lançado em setembro de 2015 na comunidade e na universidade. Promoveu-se rodas de discussões com os participantes e se distribuiu o material nas aldeias de Mãe Maria, instituições, pesquisadores e houve disponibilização na internet.