Mais uma edição da Revista Visagem está disponível. Continuamos trabalhando de forma firme e coesa para manter a regularidade e a qualidade de nossas publicações, nossa vontade de ser uma grande revista só aumenta, inspirados em algumas que já existem. No final de tudo, quando por fim a edição está disponível, soma-se a estas páginas alegria, cansaço, paixão e orgulho de toda equipe editorial.
Os trabalhos continuam chegando e cada vez mais estudantes e pesquisadores apostam em nossa proposta. Novamente, em nome de toda equipe editorial, agradeço a todos e todas que nos enviaram suas preciosas contribuições, todas são produzidas ao peso de muitas horas de trabalho - que todos nós conhecemos. Um grande OBRIGADO, também, a todxs xs pareceristas que com muito carinho acolhem nossos pedidos de análise dos trabalhos que recebemos, nos emprestando sua experiência e conhecimento.
Continuando com os agradecimentos, me dirijo agora a uma pessoa muito especial que tivemos a honra de conhecer durante nosso evento[1] aqui em Belém, em 2014, e desde então se tornou nosso parceiro e amigo. Ensinando-nos muito mais do que teorias antropológicas-etnográficas-visuais, que domina como poucos, mas nos fazendo crescer como pessoa, pois sua sensibilidade, polidez e humanidade nos inspira. Obrigado Etienne Samain, por tudo.
Esta edição é, como as outras, especial por motivos específicos: esta é a primeira com uma temática - Imagem & Pesquisa: desafios e aplicações, onde tentamos alargar os horizontes conceituais e reflexivos sobre os usos de conteúdos visuais e imagens nos trabalhos em Antropologia - e, também, a primeira que contamos com convidados. Conseguimos reunir alguns grandes nomes que fazem com que a pesquisa e produção em antropologia visual no Brasil serem tão expressivos e importantes. Obrigado pelo pronto aceite ao nosso humilde convite: Lisabete Coradini, Ana Luiza Rocha, Cornélia Eckert, Etienne Samain, Massimo Canevacci e Renato Athias.
Vamos, então, a esta edição,
Na seção Artigos, temos o trabalho de Etienne Samaian, Como pensar e fazer pensar um arquivo fotográfico: uma dupla experiência, que nos faz, realmente, pensar “O que se pretende fazer de um arquivo visual antropológico, quais serão seus destinos? Para quem, como e porquê?” ele explora duas experiências distintas de imersão num único arquivo fotográfico: a de uma pesquisadora, enquanto interpretante, e a do próprio produtor das imagens, ainda temos o prazer de ‘se deparar’ com dois belíssimos conjuntos de fotografias feitas por ele, onde uma delas é nossa capa. Cornelia Eckert e Ana Luiza Rocha em Documentários etnobiográficos em etnografias da duração - Filmar narradores em seus tempos vividos e espaços praticados, tratam do desafio de pesquisar e produzir as imagens, sobretudo no suporte fílmico, dinamizadas nas narrativas que postulam por experiências de tempos vividos e lugares praticados, relatando a importância que a pesquisa com etnobiografias, orientadas por suas aprendizagens com a linhagem de cinemestres em antropologia visual: Flaherty, Rouch, Préloran e Arlaud. Lisabete Coradini e Maria Angela Pavan em seu artigo Mulheres das rocas: imersão do documentário no espaço-tempo dos personagens do samba em Natal/RN, trazem uma reflexão sobre o método na construção do documentário As mulheres das Rocas são as vozes do samba, que são as guardiãs das memórias do samba local, descrevem neste artigo o método utilizado, pesquisas, leituras e reflexões, buscando a abordagem teórica sobre a etnografia da duração de Eckert e Rocha (2014) e MacDougall (1999); e na perspectiva de resgate das memórias Sarlo (2007) e Nora (1993). Sandra Takakura, em Identidades transgressoras: um estudo das identidades homossexuais em o Funeral das Rosas, de Matsumoto, tem como objetivo estudar os vários discursos presentes na produção por meio do processo que Hall descreve como decodificar os discursos que foram codificados partindo da questão da homossexualidade japonesa desde a época Tokugawa para se chegar na identidade gay boy e sua agência e representação. O artigo Cenas da cena: discurso imagético da/na cena da canção popular em Belém do Pará nos anos 1980, de Nélio Ribeiro Moreira, apresenta uma incursão pela cena da canção popular na cidade de Belém do Pará nos anos 1980, por meio das imagens fotográficas veiculadas em jornais da época como uma possibilidade narrativa. Em Os Botocudo: um estudo de caso da iconografia indígena brasileira do século XIX, Igor de Lima e Silva analisa o processo de confecção das imagens produzidas pelo viajante prussiano Maximiliano de Wied-Neuwied, publicadas na Europa, apresentando os motivos que levaram as modificações no seu conteúdo e alertando sobre o cuidado de empregá-las como fontes iconográficas. Carolina Venturini Passos em Diálogos Fotográficos acerca da pesquisa com imagens tenta fazer um estudo que possa perpassar por diálogos entre autores e temas que versam sobre o uso da fotografia nas pesquisas com imagens aplicadas às Ciências Sociais.
A seção de Ensaios Fotográficos se inicia com Renato Athias com seu trabalho intitulado Máscaras, danças e maracás imagens sobre espiritualidade ameríndia da coleção etnográfica Carlos Estevão de Oliveira, apresentando as ritualidades de cinco povos indígenas que habitam os estados da região Nordeste do Brasil, com imagens que mostram a relação desses povos com a natureza e com a espiritualidade num conjunto de fotografias de Curt Nimuendajú e Carlos Estevão de Oliveira. Também fazem parte desta seção os belíssimos ensaios fotográficos de Ana Paula Ribeiro - Azul - uma declaração de amor à iemanjá, velha dona do mar (2012/2013), George Arruda de Albuquerque - Estudos imagéticos: fabricando a foice, Kátia Simone Alves de Araújo - Comunidade de ancestralidade negra - Cachoeira Porteira, Larissa fontes - Essa feijoada tem axé, essa feijoada tem mironga: uma foto-etnografia de uma festa de Preto Velho, André Leite Ferreira e Lucélia Leite Ferreira - Poétiqas de um Atelier: imaginar-fazer-brincar, lúdico acontecer no corredor polonês atelier, Marcelo Eduardo Leite - A Reinvenção de Juazeiro e os devotos de Padre Cícero e, ainda, de Denise Cardoso - Caminhada de mulheres em Brasília, maio de 2016.
Quatro Vídeos compõem esta seção. São eles: Cidade como laboratório social: uma experiência de vídeo etnográfico em Imperatriz, do LAEPCI/ UFMA; A poeira do tempo: memória coletiva e figurinos do imaginário gaúcho de Ana Luiza Rocha, Seu Pernambuco de Lisabete Coradini e Mª Angela Pavan e A Ilha de Deus, “descobrindo o sururu” de Aline de França,Amanda Borges, Daniel Uchôa, Maurício Souza, Ricardo Mateo, Vinícius Buarque.
Temos ainda uma Entrevista com Anaíza Vergolino - importantíssima antropóloga da região amazônica - , falando de suas experiências ao lado de Arthur Napoleão Figueiredo, quando iniciaram Antropologia na Universidade Federal do Pará e, também, a utilizar as fotografias em suas pesquisas ainda nos anos de 1960.
Genisson Paes Chaves nos conta sua Experiência Etnográfica, evidenciando um pouco da dinâmica sociocultural de uma sociedade amazônica, localizada na ilha Saracá, no território do Baixo Tocantins, especificamente no município de Limoeiro do Ajuru, no Nordeste Paraense.
Massimo Canevacci nos apresenta um interessante Ensaio, contando-nos a história de sua Bio-foto, seu complicado nascimento para fins burocráticos e sua negação.
Por fim, inaugurando a seção Memórias - homenageando nossa tão querida, e cara para a antropologia na região, Lourdes Furtado, batizando esta seção com seu nome - As Imagens de itá – ou sobre os legados de charles wagley na Amazônia, de autoria de Wilma Marques Leitão, Milton Ribeiro, Aldair freire, Gabriela Furtado, Lenita silva e Yuri da Cruz.
Nossa equipe permanece unida, um time. Se não fosse assim, não seria possível continuar. Agradecemos, ainda, Alex Assunção nosso webdesigner oficial e Márcio Alvarenga, nosso designer gráfico: sem dúvida são grandes parceiros (muitas vezes da madrugada). E um grande obrigado aos ilustres membros do Conselho Editorial.
Desejamos a todxs uma boa leitura e boas reflexões. Que possamos contribuir para alagar estas discussões que nos interessam e apaixonam.
Nos vemos na próxima edição. Avante!
Alessandro Ricardo Campos
[1] I Encontro de Antropologia Visual da América Amazônica – EAVAAM, que acontece novamente este ano entre os dias 25-26 de outubro, visite nosso site www.eavaam.com.br